quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Jura?




Busco neste momento as razões para um comportamento tão hostil. A sua voz ao telefone expressou as mais insignes repulsas, vertidas de um desinteresse jamais imaginado.
Não consigo imaginar o porquê de uma atitude tão arisca e desnecessária. Me refugio para as entranhas da minha memória e volto para o tempo em que tínhamos iniciado a nossa relação.
O amor a mim desvelado em constantes atos de ternura e dedicação agora só restava um vislumbre esvaecido, parco, havia sido tragado pelo tempo. Aonde deveria estar o amor que ele tantas vezes prometeu endereçar-me eternamente?
Não queria acreditar na possibilidade que me assaltava aos olhos: um ser que diz amar tratar o ser amado com tamanha indiferença.
E se fosse só aparente? E se na verdade isto fosse uma estratégia psicológica de autopreservação emocional?
Eram muitas perguntas e nenhuma resposta. Só achismos seguidos de ímpetos de claridade e resolução perseveravam em meu espírito, já débil pelas contínuas desforras.
Não era eu há um tempo obrigada a aceitar a imorredoura atenção dele para com a sua ex mulher, com repetidas juras de amor eterno?Não era eu a ouvir quantas vezes houvessem os contatos telefônicos, as expressões “papai”, “mamãe”, “narizinho”, “pezinho”, a ferir o mais íntimo das minhas expectativas de jovem encantada pela correspondência do seu 1º amor e iludida pelas promessas de um futuro feliz?
Por que ele não se preocupou em poupar-me de tais desgastes, quando hoje, faz questão de preservar a atual de tamanhos melindres?
Por que agora que me encontro na posição de ex-, que precipuamente até considerava privilegiada -, não tenho a honra de ter tais méritos, os mesmos da ex de quando estávamos juntos?
Falta de amor? Não. Ausência de gratidão e respeito?Não.
Talvez seja culpa e vontade de não errar de novo. Ou fuga de um sentimento ainda não superado.
A distância ajuda a cobrir com o pó do tempo, as feridas abertas. Se estão abertas, é porque não se amou o suficiente para libertar.
“Amar é desejar o bem do próximo e paixão é querer próximo o seu bem”, faz todo o sentido neste momento.
No final das contas, nem ele nem eu soubemos amar.
E quem saberá?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Se









Ai se tu soubesses
Os mais pueris desejos que em mim alimentas
Se soubesses que ao dormir só a tua lembrança me conforta e me faz feliz
Que em nada mais penso senão em querer-te para mim
Que faço graça só pra te ver sorrir
E depois me deleitar com seus agradecimentos
Se soubesses quanto amor eu guardei sem saber
Que era só pra você...
Se tu soubesses, corresponderia?

Insight






  Abobalhada, olho para o espelho e passo a observar o que sai de mim. 


  Surpreendo-me quando me deparo com pensamentos desconcertantes, disformes, confusos. Aonde quero chegar?


  Lembro do tempo em que minhas esperanças ainda ressoavam juvenis e hoje, ao me ver assim, pergunto o que me fez mudar tanto.

  Fecho os olhos na tentativa de buscar a razão entre as memórias do passado e me deixo levar pelas boas lembranças daquele tempo.

  Realmente não vi o tempo passar. Só a rugas que aos poucos se formam ao redor dos meus olhos me dão conta que muito tempo se passou.

  Queria voltar e fazer tudo diferente. A impossibilidade de atender ao meu desejo me incita à revolta. Paro, visto-me e resolvo ir praia.

  Quem sabe ao olhar as ondas do mar, me entretenho com a suas brancas espumas e deixo – me levar, confiante e tranqüila, assim como aquelas ondas que de tão longe vêm tocar os pés de quem delas se aproxima, num gesto de bênçãos e reverências. 

 No caminho observo a vida se desenvolvendo. Sinto o vento a afagar os meus cabelos, numa doce brisa a refrescar o corpo já aquecido pelos 20 minutos de caminhada. Vejo os carros e as pessoas dentro dele, indiferentes a toda beleza natural que os convida a com ela interagir. 


  Percebo as crianças a manobrarem as suas bicicletas, felizes e risonhas como se a felicidade com elas o tempo todo estivesse e volto-me para o céu. 



  Um lindo céu de anil, límpido e ensolarado anunciando a mais linda das estações: a das flores. 




   Estas, então, se faziam presentes durante todo o meu trajeto. Amarelas, cor-de-rosa, vermelhas, abertas, fechadas, com perfumes mil, uma variedade imensa! Olho pra mim novamente, agora sem espelho, e percebo o quanto estou melhor. 


 Meus pensamentos estavam alegres, serenos, agradecidos por tamanha generosidade e parei de reclamar e de me culpar por todos os percalços que havia cometido. 

  Eu estava ali, inteira, única, num momento único e descobri que nada me fazia ser diferente daquela criança. Ela aproveitava o momento intensa e alegremente. Enxergava com os seus pequenos e ingênuos olhos todo o esplendor que aquele momento podia fornecer. E eu estava fazendo o mesmo. 
  
   Não queria nunca mais ser diferente dela. Não queria viver no passado ou no futuro e me lembrar vagarosamente do momento em que eu definitivamente me encontrava. Queria absorver cada detalhe, cada oportunidade, cada sorriso, cada sentimento.


  
   Estava imensamente feliz e nada poderia alterar este estado de alma. 


  
  Percebi o quão tênue é a linha que nos separa de uma existência alegre e de uma existência triste. Afinal, as coisas continuavam do mesmo jeito e só a maneira de encará-las é que havia mudado.


  Agradeci profundamente pelo insight que havia tido e segui em frente, certa de que nada haveria de ser como antes.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Para refletir





Em se partindo da premissa de que expectativa é a ânsia, o desejo de que algo que muito queremos se torne realidade e, considerando que o IDEAL é utopia, e, por conseguinte, não existe, por que nos decepcionamos?

O aniversário






        Depois de mais um dia voltado a observação indiferente e, por conseguinte, imparcial da rotina doméstica, assim que anoitece, uma vez satisfeitas as prescrições medicamentosas inerentes aos idosos, não recolho-me, como pensei em dizer; o recolher já é há muito tempo um estado natural. Apenas saio do caminho que é de bom tom nesses tempos nervosos. Minha nora que tem se mostrado pouco tolerante em relação a mim, mais haverá de ficar quando meu filho comunicar-lhe a sua mais recente decisão: A data do meu aniversário se aproxima, haverá comemoração depois de tantas passagens apenas lembradas.
        Quando meu filho fez-me saber da sua decisão, antes mesmo de pensar no que significaria para mim, ocorreu-me pensar que haveria resistência por parte de minha nora, o que acabou ocorrendo. No entanto, após breve discussão, ela embora relutante em dar-se por vencida, consentiu.
Não fiquem indignados por mim. Cheguei a uma fase da vida (comemorar-se à os meus oitenta anos de existência) em que um homem deixa de ressentir-se com aqueles que se opõem aos seus desejos, o que é compreensível, haja vista a intensidade com que esses costumes se manifestam.
Além do mais, há muito tempo compreendi que a velhice é a fase das alianças. Não nos é dado ignorar a importância dos lençóis trocados diariamente, das gotas de remédio que caem cuidadosamente umas sobre as outras no fundo das águas depositadas num copo, da pressão arterial medida sistematicamente todas as manhãs, culminado, por fim, no indispensável auxílio na hora dos banhos. Em tempos distantes, só de pensar na possibilidade de um dia, ter que expor meu corpo completamente destituído de atrativos ao olhar de uma outra pessoa, qualquer que fosse, enchia-me de pavor, no entanto, agora que a situação se apresenta, o corpo sem reação deixa-se banhar.
Faço esforço para sentir-me constrangido, ao perceber no rosto de minha nora, o insinuar de um sorriso só a muito custo reprimido diante da visão de partes que um dia tiveram funções variadas, e que hoje primam pela incontinência. Porém, a vaidade antecipou-se a mim: há muito que se foi.
A perspectiva da comemoração faz com que o velho cedro remonte aos tempos de infância. As imagens dos aniversários vêm à tona com força surpreendente. Vê-se a si mesmo, um menino tímido por natureza, e tornado ainda mais acanhado devido à insignificância do presente que tem em mãos. Aproxima-se então, tenso, na expectativa de que o aniversariante formulasse a pergunta que sabia inevitável: O que você trouxe pra mim? Antes mesmo que ele estendesse os braços no gesto de entrega, o presente era apanhado de suas mãos, quase sempre seguido de uma demonstração de repúdio – que tinha como conseqüência torná-lo esquivo e arredio, impedindo-o de vivenciar plenamente uma situação tão ansiosamente aguardada.
Por que tinha que ser sempre uma caixinha contendo três sabonetes? Se perguntava num repente de indignação ao sentir a desproporção existente entre o que oferecia aos aniversariantes e o brilho das festividades.
Quando a situação se invertia, e ele se via na condição de aniversariante, a timidez cedia lugar a indignação ao sentir a desproporção existente entre o que oferecia aos convivas e a natureza dos presentes recebidos. Agora, no entanto, em razão da ausência total de expectativas, não haveria frustrações. Antevia o bolo rodeado de velinhas, e também a natureza dos presentes que haveria de receber. Mentalmente vai repassando-os um a um: uma caixa de lenços –estampados, que são mais higiênicos -, alguns pares de meias, - certamente de cor escura -, água de cheiro – esta, sim, indispensável – e mais alguns itens, todos eles primando pela utilidade.
Tudo se passou conforme previu. No momento oportuno, aproximou-se do bolo, encheu os pulmões e soprou. Um sorriso de satisfação estampou-lhe no rosto ao comprovar que algumas velas permaneceram acesas. Tudo acontecera conforme o esperado – pensa -, enquanto enche de novo os pulmões de ar, preparando-se para uma nova investida... 


José Alberto Silveira Santos (meu pai)

Sorriso feito retrovisor

        



        Depois de uma rápida parada no ponto quase vazio naquele horário, o ônibus começou a se movimentar. Passei pela catraca e, antes mesmo de me acomodar, percebi um homem que corria desesperadamente tentando alcançá-lo. Não conseguiria, a menos que eu...Não, não o faria. O impulso de ajudá-lo foi subitamente interrompido pelas lembranças dos meus desacertos. Precisava de que situações como aquela se repetissem ao longo do dia, o que, esperava, me traria algum alívio até o final da tarde.
Não desejava que acontecesse nada de muito grave a ninguém. Pequenos tropeços me pareciam suficientes. Nada que me carregasse a alma. Pequenas culpas, como costumava dizer um amigo, não tinham natureza cármica.
         Mas o que via? O homem não desistiu, continuava a acenar e a correr num ritmo cada vez mais acelerado. Não o julgava capaz de correr assim tão rápido. Olhei para os outros passageiros, já me invadindo o receio de que pudessem vê-lo, porém, logo me tranqüilizei: estavam tão imersos nas suas preocupações que nada perceberam.
Repentinamente, como que atendendo ao meu desejo, o ônibus sem razão aparente, começou a ganhar velocidade. Olhei para o motorista, buscando um motivo para aquele súbito avançar, e o que vi? Um sorriso feito retrovisor. O sorriso de quem, desde o início, percebera tudo o que estava acontecendo e que, cúmplice, se regozijava ao ver minha expressão de alívio, à medida que o veículo se distanciava.
         Ele também tinha a necessidade de deleitar-se com o infortúnio alheio, na vantagem de estar amparado pela lei – afinal, o homem não se encontrava no ponto no momento certo. Era esta a sua forma de desforra: os retardatários.
         Através deles é que se vingava por ter que estar ali todos os dias, permitindo aos usuários o acesso a diversos lugares e interesses, e só raramente recebendo de alguns deles uma palavra de agradecimento. Ele, entretanto, lograva justificar-se. Mas...e quanto a mim?Que haviam feito a mim os retardatários? Pruridos de falsa moral, não importava que, de momento, não pudesse justificar-me. Olhei novamente para o motorista e senti no seu olhar o mais perfeito entendimento. Fiz minhas as suas razões, sorri e acenei para ele: éramos afins.

José Alberto Silveira Santos (meu pai)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dizem que a gente aprende com o tempo


       Amar e, sobretudo, querer ser amado por alguém é um dos motivos que impulsionam e nos dá força para continuar vivendo. Nas buscas pela pessoa idealizada, quebramos muito a cara porque sempre deixamos que a expectativa e a idealização do que acreditamos ser, se torne real para nós, quando na verdade, na maioria das vezes, a realidade dos nossos “achismos” só existem mesmo para quem os produz. Esta é a famosa ilusão. Pois bem.

Eu estou muito mal impressionada com o mundo e com a qualidade das pessoas que vivem nele. Saio de um conto de fadas para cair na ‘caverna do dragão’, de onde para nos darmos bem, temos que usar de mil artifícios e buscar conhecer o ‘vingador’ sob pena de cair em seus desmandos.
Fui casada durante 7 anos com um ser de alto nível. Extremamente maduro, espiritualizado, inteligente, romântico, amigo, dotado de inúmeras qualidades e pouquíssimos defeitos, absolutamente releváveis. Com 5 meses de separada, ainda estava envolta na magia de um casamento maravilhoso, embora sem realizações no meu nível pessoal.
Acreditei, sinceramente, que os homens fossem iguais ou muito parecidos com ele. Na mocidade não vivi relacionamentos sérios e, por este motivo, não conheci o universo masculino a ponto de me deixar quase que, desacreditada, de encontrar alguém que valha a pena conviver.
O mundo realmente está virado ou sempre esteve e eu é que nunca percebi? A minha decepção com essa classe chega às raias de querer definitivamente viver PARA e COM Jesus. Será que conseguirei?
O descortinar deste mundo novo de relacionamentos me assusta ao mesmo tempo em que me excita. Como uma criança que descobre os sabores pela primeira vez, me sinto impelida a de tudo provar para ver como é. Não que eu faça, óbvio.
Esses dias vivi algo muito curioso que me trouxe indeléveis ensinamentos. Descobri como sou ingênua. Tenho medo que as porradas da vida não me enrijeçam o couro a ponto de me transformar em alguém extremamente desconfiado. Confio demais, acredito demais, sou sincera demais. Isto, sem falsa modéstia, me eleva ao status de ser em extinção.
Que triste ser diferente só por seguir o coração...
Vivemos num mundo que para se conquistar alguém é preciso calar, sumir, não ligar quando se tem vontade, fazer de tudo e mais um pouco para ocultar os mais finos sentimentos; tudo para mostrar que não se tem o mínimo interesse. Se você fizer isso, é quase 100% de certeza que o outro vai te procurar. E, ainda tem o velho clichê: “tudo que é mais difícil é mais gostoso”. Eu não acho.
Somos quase que obrigadas a entrar no jogo das ilusões amorosas e saber jogar muito bem, se não...
Não é possível que não exista por aí alguém tão verdadeiro e sincero consigo mesmo que não se permita calar quando o que se quer é falar. Dizer que quer, que gostou, que ama...e também o contrário de tudo isso!Mas que seja a verdade!
Não é possível que não exista por aí alguém que valorize outro alguém que não queira fazer parte  desses detestáveis joguinhos amorosos!
Se você entra no jogo, dificilmente vai pescar alguém que valha a pena. Mas se você ser você mesma e encontrar alguém que conhecendo você como é, a aceite por ser assim, será muito, muito melhor.
Alguém especial merece outrem tão especial quanto: “O meu tá guardado”.
Porém, adotar uma postura sincera tem as suas conseqüências. Nem todo mundo está preparado para assumir o que sente e nem de lidar com que assume esta postura.
Se esta for a sua escolha, se prepare para não esperar reconhecimento e nem respeito pelo ato de nobreza moral que você está tendo. Seja segura de si mesma e se fortaleça para não criar nenhum tipo de expectativa. Se não conseguir ser assim, é melhor fazer os joguinhos e dominar as regras do mundo ilusório chamado Terra.
Eu quero alguém especial que seja digno de mim e que me aceite como sou.
Se vai dar certo ou não, só mesmo o tempo para dizer. Enquanto isto não acontece, vou vivendo, conhecendo as regras de um jogo com o qual não desejo brincar. Quando me cansar de ser eu talvez jogue um pouco e me entregue às ilusões dos bons jogadores e, quem sabe, me torne uma também. Quanto a isto, a gente aprende com o tempo com quem jogar e com quem não jogar.
Dizem que a gente aprende...com a vida.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Drama de Charlote





Era noite naquele 4 de outubro de 1915. Nada mais se poderia fazer àquela altura. Portas e janelas hermeticamente fechadas, todos já se recolhiam às 02:00h na Av. Saint Petersburgo.
Aqueles eram tempos difíceis. O temor de uma guerra que há pouco se instalara atemorizava a cidade e ninguém se arriscaria a ponto de trafegar pelas ruas naquelas circunstâncias.
Charlote assistia, encerrada sob a janela do seu quarto, tudo quanto se passava, e a impossibilidade de ir ao encontro do seu ser amado era tarefa que lhe parecia impossível naquelas horas; mas não havia alternativa. Ele iria embarcar no navio logo mais às 3:00h e a possibilidade de nunca mais retornar a vê-lo feria-lhe as fibras mais íntimas do seu coração sofrido. Não podia perder a oportunidade de vê-lo, quiçá, pela última vez.
Seu pai, militar na reserva, homem de temperamento hostil e violento, jamais admitiria tal enlace. Em casa todas as horas, controlava os passos e, se lhe fosse possível, até mesmo a respiração da filha de muito perto. Ela, inebriada com o sentimento que já a dominava por completo, tudo fazia para ocultar o menor sinal que atestasse a sua condição de mulher apaixonada. E conseguiu com muita destreza a missão que ela própria se incubira de realizar.
Mas, naquele momento nada a impediria de ver o homem de sua alma: nem o temor da guerra, nem a solidão das ruas, nem o caráter virulento do seu pobre pai.
Respirou decidida e convicta do que queria. E saiu, sorrateiramente pela porta de maneira a não levantar suspeitas, ao cais da Av. Marrie Blanc. O frio àquela hora chegava a cerca de 3º negativos. Andar sob as lajotas das ruas molhadas pela fina neblina que caía, irrompia qual agulha o seu corpo frágil e quente de menina de 17 anos.
Estava na flor da idade; seus cabelos loiros e olhos de um profundo azul turqueza davam-lhe uma aparência angelical somando-se com a brancura de sua pele que, graças às rajadas de vento frio, tornavam-se rosáceas, qual duas maças maduras. O seu vestido de veludo vermelho emprestava-lhe um ar de seriedade que logo se desfazia quando sorria para alguém.
Ele, muito moço ainda, não alcançara os 20 anos quando a obrigação de servir ao país cujas terras o receberam ainda menino, conclamaram os seus esforços em prol de uma luta considerada perdida por todos. Resoluto e munido das mais finas esperanças que caracterizam a mocidade, tudo iria fazer para voltar vitorioso.
- Mesmo que me custe a vida! – clamava orgulhoso em meio a multidão logo ao saber das convocações.
Charlote logo ao saber da notícia caiu desfalecida vendo desvanecer todos os seus planos de felicidade.
Sentindo um profundo vazio e tomada de desespero por sentir a sua imaginável ventura esvair-se de súbito, procurou Henry com o propósito de convencê-lo a ficar:
- Não sobreviverei sem ti, meu amor! – suspirou em devaneio.
- Meu amor, não haverá um dia que não pensarei em você. Não há distância entre duas almas que se amam.
- Mas e se você não voltar?
- Eu vou voltar! Nunca mais repita isso!
E se abraçaram, fundindo-se um no outro no mais puro amor. Naquele momento nada mais existia além de um só corpo e uma só alma; ele era ela e ela era ele, nada a mais sob o negro céu de Verdin.
Duas semanas depois, eis que é chegado o dia da partida. E lá estava Charlote a caminho do cais sob a fina neblina que caía para o derradeiro olhar.
Mal imaginava ela que seria o último da sua existência...

A quem pertence o nosso destino?









 Durante muito tempo acreditei que em nossas vidas, tudo era predestinado e passava longas horas a olhar os céus na tentativa de decifrar o que porventura estaria escrito nas estrelas.
Essa crença surgiu de uma idéia tão romântica quanto cruel de que nascemos para resgatar, para “queimar” Karmas, sempre levando-me a  ter como verdade o fato de que devemos sofrer para purificar e que se, determinada circunstância vivida for KARMA, devemos levar tal situação até o fim, sob pena de voltarmos só pra resolvermos a dita pendência e assim, vivi por muitos anos.
Só que a verdade é bem diferente. Com algumas leituras, conversas e experiências, descobri que nós somos os autores de nosso próprio destino, sendo integralmente responsáveis pelos méritos e deméritos de nossa caminhada. Isto, no início, nos deixa algo revoltados, porque DEUS passa a ser eximido de qualquer responsabilidade sobre os nossos atos. E agora, quem vai levar a culpa pelos frutos de nossas escolhas inoportunas? Ninguém além de nós mesmos.
Quando estamos prestes a reencarnar temos total consciência do que amealhamos como virtudes ao longo de nossa existência enquanto ser espiritual- cósmico –imortal e daquelas que ainda devemos conquistar para nos sentirmos à altura de sermos novamente credenciados como seres do universo quites com as leis do Amor e livres para viajarmos pelo espaço.
De posse deste conhecimento e com consciência plena do que ainda nos falta conquistar, planejamos a programação reencarnatória de forma que se torne mais fácil o desenvolvimento das qualidades espirituais desejadas. Por este motivo, nascemos ricos, riquíssimos, pobres, paupérrimos, lindos e feiosos, saudáveis ou muito doentes. Cada uma dessas escolhas, que vão da família à forma física até a profissão e pessoas a serem reencontradas e àquelas que não devem cruzar o nosso caminho, tudo é criteriosamente escolhido, tendo sempre como pano de fundo o desenvolvimento espiritual do ser reencarnante.
Assim, muitas dessas escolhas realmente não são passíveis de mudança: por mais que se tente sair de uma situação, não se consegue e quando isto ocorre, muito provavelmente é porque faz parte do nosso roteiro reencarnatório, que vamos simplesmente chamar aqui de grande destino. Quanto a este, o nosso livre-arbítrio é ilusório.
Mas em relação a todo o resto, das quais a maioria das cenas de nosso teatro se passa, pode ser mudado, que vamos chamar aqui de pequeno destino, ou o caminho que trilhamos até chegarmos nas situações cruciais, naquelas que nos requer grandes decisões e que geralmente nos trazem algum tipo de sofrimento. Esta pode ser mudada, já que apliquemos aqui para melhor elucidação o dogma matemático de que: a ordem dos fatores não altera o produto. E realmente não alterará.
O futuro sempre foi uma incógnita para a humanidade que ardentemente desejou conhecer os seus mistérios. Homens sábios que estiveram aqui relutantemente deixaram em seus escritos ou impregnadas nas mentes coletivas através da oralidade, que o futuro não existe, que o presente é uma dádiva, que o amanhã a Deus pertence,  em diversas línguas e das mais diversas formas.
                E, hoje, eis que nos surge uma visão mais holística e real do que entendemos ser o futuro e do seu mecanismo de criação. Surgiu o “Segredo”, “Quem somos nós”, “O Universo numa casca de nós” e inúmeros outros trabalhos que nos trazem a comprovação científica de 11 dimensões, de que não existe nada sólido, - já que tudo é vibração condensada- de que o que vemos, também existe em outros universos paralelos, de que existe um campo vibracional presente em tudo e em todos que armazena informações, pensamentos e tudo o mais que seja produzido a nível mental-emocional-espiritual e que se agrega através de energia que pode ser inclusive, acessada por qualquer um que atinja o nível vibracional compatível com a informação desejada, enfim, uma mudança de paradigmas, o descortinar de um novo mundo.
Isto significa que não há nada que pensemos, mesmo nos cantos mais recônditos de nossa consciência que não se plasme neste campo morfogenético, e principalmente em nosso campo áurico. Este campo é alimentado constantemente pelos nossos pensamentos e formam ao nosso redor um tipo de identidade espiritual que imediatamente revela quem somos, - não como essência, que isto fique muito claro –mas a um nível espiritual terreno, um raio x capaz de demonstrar o nível espiritual em que nos encontramos. Os nossos pensamentos deixam marcas em nosso campo áurico que, se insistentes, nos marcam indelevelmente, estabelecendo a que faixa nos encontramos vibracionalmente falando e se, passageiros, surgem mas logo se esvaem por não serem mais alimentados por nós mesmos.
O alimento é obra primordial na boa manutenção do ser, seja no corpo físico, quanto no emocional, mental e espiritual. Tudo depende da comida e aí, a máxima popular nunca foi tão precisa: “tu és o que tu comes” e isto é muito fácil de entender. Se comemos bem, teremos um corpo sadio, o que contrariamente ocorre se nos alimentamos mal; da mesma forma, nos demais corpos, se buscamos nos iludir emocionalmente, viveremos tristes e inconsoláveis, se lermos um bom livro, teremos excelentes idéias, e isto ocorre principalmente com os nossos desejos.
Como já dito, tudo o que pensamos se plasma de alguma forma tanto em nosso campo morfogenético, quanto em nosso campo áurico e se emitimos persistentemente determinada vibração (pensamento), ela ficará alimentada e forte, se plasmando no campo da materialidade, o que repita-se, nada mais é do que energia condensada.
Por isso, Tao-Tsé nos recomendou ter cuidado com o que pensamos, pois o nosso desejo pode se tornar realidade; sabedoria de alguém que acessou as verdades cósmicas por si mesmo e descobriu que o nosso desejo é uma ordem para o Universo.
Ao longo de nossas vidas alimentamos muitos e muitos desejos; a cada desejo emanado, uma corrente sai da Terra e nos pega pelo pé, ou seja, nos prende no planeta até a sua realização, afinal, somos deuses e o nosso desejo deve ser realizado e todo o Cosmos conspira neste sentido. A cada desejo, um apego e uma vontade insaciável de desejar e realizar, sempre, indefinidamente! Nos sentimos príncipes e princesas que devemos ser mimados pelo nosso Pai, o Grande Deus, criador de todas as coisas, causa primária, inteligência Suprema.
Sri Sathya Sai Baba, ser mais evoluído atualmente reencarnado munido de seu AMOR incondicional nos alerta de que não devemos desejar sequer o fato de sermos puros e livres do Karma. Já pensou em quão difícil é viver sem desejar?
Prefiro nem pensar! A distância que me separa de uma existência sem desejos é tão imensa que me desanima e não me faz ver os degraus mais abaixo que, se vivenciados, também me conduzirão a um crescimento espiritual. Cada um no seu ritmo, devagar e sempre. Eu tô andando, o que não se pode é parar.
Plasmamos tantos desejos persistentes em nosso campo áurico que existem várias possibilidades de futuro diferentes. Nos cabe escolher qual deles queremos para nós. Quando vamos a cartomantes e místicos eles, com a sua sensibilidade, captam qual desses futuros é mais alimentado pelo consulente e dizem o que dizem com base na situação com maior probabilidade de ocorrer. Já perceberam que quando vamos a este tipo de lugar já sabemos o que eles vão nos dizer, saindo a consulta mais como uma confirmação do que já sabíamos do que como a promessa de algo totalmente novo?
Em nós se encontram todas as respostas. Basta silenciarmos e sintonizarmos com o coração.
O nosso futuro está em nossas mãos porque a vida é feita de escolhas. E colheremos inevitavelmente o que plantarmos!!
Sendo assim, como você anda se alimentando?

sábado, 25 de setembro de 2010

Quando me amei de verdade



Quando me amei de verdade pude compreender
que em qualquer circunstância,
eu estava no lugar certo, na hora certa.
Então pude relaxar.

Quando me amei de verdade pude perceber que
o sofrimento emocional é sinal de que estou indo
contra minha vontade

Quando me amei de verdade parei de desejar
que a minha vida fosse diferente e comecei a ver
que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.

Quando me amei de verdade comecei a
perceber como é ofensivo tentar forçar alguma
coisa ou alguém que ainda não está preparado
- inclusive eu mesmo.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar
de tudo o que não fosse saudável.
Isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças
E qualquer coisa que me pusesse pra baixo.
Minha razão chamou isso de egoísmo.
Mas hoje eu sei que é amor próprio.

Quando me amei de verdade deixei de temer
meu tempo livre e desisti de fazer planos.
Hoje faço o que acho certo e no meu próprio ritmo.
Como isso é bom!...

Quando me amei de verdade desisti de querer ter
sempre razão, e com isso errei muito menos vezes.

Quando me amei de verdade desisti de ficar
revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Isso me mantém no presente,
que é onde a vida acontece.

Quando me amei de verdade percebi que a
minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração,
ela se torna uma grande e valiosa aliada.


Charles Chaplin